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9 de setembro de 2011Sinto-me perdido. Os olhos não conseguem ver o caminho que os meus pés pisam e a mente entretém-se a cravar nas paredes da consciência todos os rumos que lhe é passível de imaginar. É um desastre, e embora não inteiramente inesperado, a realidade tende a ser um tanto diferente quando encarada sem a possibilidade de ser repetida noite após noite consoante a nossa vontade.
Se eu saltar para o meio deste nevoeiro, será que ele me apanha, me ampara a queda e me consome na sua aparente imensidão? Eu gostava de tentar. Mais do que tudo, eu gostava de tentar, de esquecer aquilo que sei ou penso saber acerca desta máquina a que chamamos mundo, de queimar o livro que contém todas as regras que nos limitam e nos fazem crer que não somos capazes de fazer o que realmente queremos e simplesmente… tentar. Seria o último ponto da minha vida, e consolar-me-ia o facto de ter sido eu a pintá-lo.
O que estás a fazer ou, porquê, a que sítio julgas que isso te leva. Já é hora, e tu sabes disso. A solução não esta aí, nunca esteve, e é impossível fazeres com que as linhas convirjam. Terem-se cruzado, sequer, foi demais, e já é hora. Por isso despacha-te. O mundo inteiro está à tua espera.
Pois que espere. Não me convém o bom senso, a sua banalidade não ressoa perante o ridículo do meu ser e eu não sou capaz de passar sem resistir à razão. O que eu quero, confusão de minúsculas vontades descontroladas, olhar, sentir, abraçar, apertar e desta sem nunca te voltar a largar, a insensatez do afecto, o desespero da verdade e o esgotamento da saudade, saber que é real, ter essa confirmação constante, devaneios ardentes que mal permitem o sono. Jurada loucura, decerto, de um conflito constante entre fragmentos de sentido que dele nada possuem.
O mundo que espere. Não é meu, afinal, que nesse existe apenas uma forma.