Branco

1 de junho de 2015

Depois do fim não há nada. Nem luta nem sangue, nem lágrimas que despontam no lembrar de tudo que era e que já não é. Desfaz-se o branco num mar vazio, e pinta-se outra cor em rumo ao que ainda está para ser, numa travessia interminável que assiste ao seu fim antes de começar. Eis o abismo, aquilo que te consome nos melhores dos dias, que te transforma e te arrasta sem que te apercebas sequer que tudo acabou.

O caminho de voltar, ponto de fuga, existe somente em ti. A ninguém mais pertence o momento que precede o nada, tal como a ninguém mais recai a responsabilidade de o reaver. A culpa é tua. Os louros são teus.

Se existes ainda, acorda. Abre os olhos para o que te rodeia e para aquilo em que te tornaste. Não respires por reflexo. Um dia vais reaver o que perdeste, seja aqui ou noutro lugar. E um dia, talvez, encontrar-te-ei de novo, longe deste nada em que tu, só, és tudo.