Destino
27 de dezembro de 2011Sempre odiei esta palavra. A simples ideia de que, independentemente do que façamos, do nosso esforço e da nossa vontade, nunca seremos capazes de alterar o rumo que nos foi desenhado outrora é inconcebível. Recuso-a tanto quanto não posso passar sem o fazer – é-me impossível aceitar um mundo em que os meus actos não dependem da minha própria volição, em que não sou mais que um fantoche despido de toda a responsabilidade e valor por uma sina qualquer e preciso de algo mais, de um significado maior, de saber que as coisas realmente interessam e que não fazem simplesmente parte de algo inevitável.
Não me importo de carregar aos ombros as consequências de tudo aquilo que fiz ou deixei por fazer, são testemunhas da minha vivência e da minha existência algures na linha temporal deste imenso universo e não permito que o façam por mim. Eu sou quem sou, e exactamente por isso é que nunca ninguém senão eu obterá todos os meus sucessos e cometerá todos os meus erros. É um peso tremendo, e admito que há dias em que mal me consigo levantar, mas ainda assim… ainda assim prefiro este sofrimento à comodidade do destino.
Porque o que eu te disse na altura, o que eu sentia… por mais encavacado que tenha sido, nada disso mudou, e não há um dia que passe em que ele não surja, não como algo predestinado mas como o seu exacto oposto. A realidade não me atinge de outra maneira…