é muito mau se te disser que não sei?
11 de junho de 2022Não foi o que disse, para além do óbvio e do que sabias, mas a verdade nem sempre sai direita. Não por não querer ou achar ou querer algo diferente, mas também por não saber. Por tanto por pensar, tantas contas por fazer para chegar a um, sei lá. E é difícil, haver tanto. Em ti, e em mim, que há tanto.
Seja por não saber onde estou, por cá vir de alguma forma e não saber sair, livrar das coisas que ficam. De encontrar quem sou, ou saber-me encontrado num relógio que não pára de correr até me atingir na cabeça. Quando dizes que não queres, no momento, só corre enorme a inveja de saber, mesmo que de fora, mesmo que mentira. Perder-me em paredes brancas a tentar acalmar a ansiedade que enche, e ler demasiado ainda aí. Nem é que não haja razão de ser, aí, mas a normalidade não é necessariamente boa. Normal é algo que isto não é. Vale se for, e vale se não, e sinto-o, claro, nem fujo, mas já nem tenho em mim mais desculpas por tentar. Se não foi, também se aprende em não ser.
Imagino que sintas, também, embora em tanto que não conheço. Também não finjo saber ler mais que umas passagens. Fica a ideia que não estão tão distantes, e talvez te veja aqui se não sabes onde estás. Estar, querer, e o futuro incerto que vem. Se me tenho a mim num turbilhão, enfim. Não presumo saber melhor, mesmo em histórias que invento e nunca acerto, só não quero competir com uma história. Aquele conto, maior, ou talvez já esteja tudo fodido? Carrego se for preciso até não ser, e aceito, que me puxa. Quem és, da forma que fores, em pedaços ou não da pequena ou grandiosa incerteza como ninguém, e aceito. Há tanto, e sei que não sei, e é fácil dar a resposta fácil. Quase que sai de rajada. Não é menos verdade, assim, só menos na sua natureza.
Porquê? Porque quero. Não há uma razão solene ou um plano orquestrado, esses tenho modestos em mim em prol da realidade. O que há é uma miúda que se espera, desajeitada como ninguém, e o receio de não ser real. Não sei de onde veio ou onde vai, só que está comigo e não a vejo embora se não o fizeres por mim. Talvez com tempo, não consigo perceber. Talvez nem interesse. É tudo um sonho, não é? Acordas um dia e descobres que ainda és uma criança, atrasada para a escola e que ao final da tarde tens aula de natação.
Mas já sinto falta. Merda, é isso, não é?