Manifesto de Liberdade
1 de junho de 2009Que têm feito, meus senhores, agora ou no futuro, no passado ou agora, que têm feito vós toda a vossa vida, todo o tempo que viveram neste lugar, neste naco de pedra que é apelidado de Terra entre Homens e Desprezado entre Esferas Luminosas, aquelas que habitam muito para além do alcance dos nossos braços talvez como presságio à insignificância nossa também?
Ah! A beleza misteriosa de não ter mais que uma resposta vaga e incerta à questão que se deveria constituir como sendo a mais importante da nossa essência! Vivemos não sabendo porque o fazemos! Vivemos porque nascemos! Vivemos porque não morremos! Mas ah! Tão bem que escondemos esta realidade, esta realidade que nos tornaria não mais que animais e que é completamente inaceitável perante a torrente de éticas e morais que tanto tempo demorámos a construir e que nos fornecem uma tão distinta ilusão de que somos mais do que realmente somos! Matem-me! Esventrem-me! Torturem-me! Mas não me afastem esta quimérica existência! Deixem-me acreditar que sou Homem! Deixem-me acreditar que sou mais que Deus! Deixem-me! Deixem-me! Deixem-me!
Eu deixo. Vivam-na quanto quiserem, consintam que ela vos penetre como fez já a tantos outros, permitam que ela vos cegue com a sua majestade, que eu deixo. Mesmo que não, cada qual faz o que entender, nada tenho a ver com isso tanto quanto nada posso fazer para vos impedir.
Mas no entanto!
Tomem noção das atitudes que assumem! Saibam que o universo em que vivem não passa de uma fantasia conjunta e tolerada por demasiados imbecis! Saibam que por mais que ignorem, por mais que fujam, por mais que disfarcem, o facto de que não existe razão para a vossa vida não mudará! Não se deixem levar por ideais religiosos cuja única razão de existência se resume à consolação da vossa mente através da ocultação da realidade! Aceitem-na pelo que ela é! Livrem-se dessa debilidade que a sociedade tão alegremente vos impõe! Abram os olhos! Vejam! O mundo é um sítio cruel, injusto e ingrato, mas é nele que vivem!
Vivemos dominados por um mar de imposições sociais que mais não fazem senão manter a aparência civilizada. Uniformizamos as posturas perante tudo que nos rodeia, limitamo-nos à conformização de pensamentos: Talvez assim nos integremos! Talvez assim sejamos aceites! Talvez assim as pessoas gostem de nós! Até que ponto é que esta situação irá chegar? Quando é que nos iremos aperceber que acima de tudo estão os nossos impulsos carnais, e que tudo o resto se constrói em volta deles?
Tal ingenuidade! Rebelem-se! Se existe algo a que possam chamar de liberdade, então façam-na vossa! Livrem-se da sociedade que vos aprisiona – não é mais que uma doença, essa vil construção humana! Desprendam-se dos preconceitos que ela vos instaurou! Deixem-se teorias metafísicas! Uma ditadura colectiva e consentida não é o desassombro pretendido!
À revolução!