momentâneo

9 de abril de 2023

Nada se renova à minha volta. Aquilo que uso para ocupar o que não existe não tem o seu nome, não faz o seu papel. É só quando se torna demais que me apercebo — eu fujo também. Sem mexer os pés ou dizer uma palavra que seja, basta não estar cá o suficiente para me ter por inteiro e eu sinto-o, viver só em parte é como não o fazer. Parte do caminho, talvez, da outra pessoa que vem, ou para onde vou, e estou só receoso de ser deixado para trás na mudança, mais uma peça da história que ficou, ou talvez não, e este momento em que me sinto realmente cá, de olhos abertos, a ver, enfim, aquilo de que me fiz rodeado na minha ausência, é a lucidez que me falta e se escapa por entre os meus dedos quando a tento agarrar.