O Parque (tentativa #1)
5 de julho de 2012– “Quando?”
– “De hoje a oito dias… desculpa, eu…”
– “Pára. Por favor.”
– “Desculpa…”
A torrencial chuva que se fazia sentir desde manhã vinha apenas rematar a minha dor. Era palpável, agonizante, tal como a era a dela mas no meu egoísmo infantil dificilmente conseguia ver isso. As suas palavras haviam acabado de desmoronar o meu mundo, e as minhas fantasias idiotas acerca de um futuro juntos tornaram-se nada mais que isso – fantasias, sonhos que se aportaram outrora e que desapareceram com a mesma rapidez. É incrível como as coisas mudam de um momento para o outro. Em meros minutos, sumiu qualquer vestígio do sorriso que carregava imbecilmente na cara depois de ela me ter dito para ir ter ao parque, afogado entre incontáveis poças e pegadas lamacentas, e a única coisa que me surgia agora era o quanto eu odiava este lugar.
Eu fugi. Tão rápido quanto pude, eu fugi. Nunca corri tanto na minha vida. Talvez estivesse a tentar ultrapassar a realidade que se impôs, ou talvez simplesmente as minhas lágrimas, não sei. A única coisa de que estava seguro na verdade era de que lá não podia ficar, o peso era insuportável muito para além do meu limite.
Quando dei por mim estava no chão. Escorreguei num sítio qualquer. Olhei à minha volta numa tentativa de perceber onde estava. Se ela me tinha encontrado. Era o parque, ainda, e negativa era a resposta à segunda pergunta. Não sei porque é que o queria. Depois de ter fugido, porque é que ainda assim me magoou mais o facto de ela não estar ao meu lado. Quanto tempo é que estive aqui? A lua mantia-se visível através da densa folhagem e a chuva não dava indícios de cessar, não deve ter sido mais de que um quarto de hora desta noite que se aparentava interminável.