por um tempo

24 de outubro de 2022

Estou num sítio estranho. Quando olho, ele dá-me duas opções: ou fico por dez minutos, ou vou embora. Uma ampulheta conta os grãos, grão a grão, até dar a conta certa, e no fim pergunta outra vez. Mais dez minutos. Não há nada no entretanto. A porta fecha-se e desaparece e o que sobra é o que existe já. Por mais uns minutos.

Ouve-se distante o ritmo de metal em metal, um comboio só a perfurar a escuridão da noite e tudo que ele tem. Tudo que não és, e já foste, e existe para além de ti. Tudo ao mesmo tempo, a rodar sobre si mesmo e de novo a acontecer. Talvez falta de imaginação, quem sabe.

Outra vez a saída. Uma brisa que há tanto não sentias, uma prisão, seja como for, embora se a reconheceres é melhor já do que era. Não és mais nem menos de tudo isso que és e sabes que não faz sentido. Tem de vir de ti, tem de ser tua a decisão. Não é uma escolha.

São só mais uns minutos.