(sem título)
26 de julho de 2022Há algo a ser dito sobre desaparecer. Sobre existir também, em contraste, e o quão fácil é deixar-se de lado e assim se ser deixado sem que se ouça um único ruído. Sem uma vibração no ar, sem nem um movimento ou um pensamento solto que se arrepie. Sem notar, enfim, ou pelo menos de forma que se admita. É na indiferença que se morre verdadeira. A primeira morte é no coração.
Quantas tens em ti, ainda? Quantas já viveste, e quantas faltam? A tragédia das tragédias que bate como um metrónomo, com a mesma força a cada vez que chega ou não pela ingenuidade que se perde no passar das estações. A laranja um pouco menos laranja agora e a rosa que já não se vê bem em si por inteiro.
É aí que acontece. Não em memórias que se fingem esquecidas, mas nas peças que vão ficando para trás no conserto por já não encaixarem direitas. Como um navio remendado, talvez tenhamos todos nomes diferentes no fim.