silêncio

1 de junho de 2022

As palavras saem tão fáceis quando já não é altura delas. Aquelas que ficaram por dizer, como se houvesse um momento certo para dizê-las. Talvez por já não fazer diferença? Acreditar, pelo menos. Não haver que possa fazer, não ter efeito que aconteça depois. Só te apercebes então. Quando as vês soltas a tingir todo o ar que vos rodeia e que respiram, em que te encontras, livre, sem que te pese o peito ou que te revire o estômago em noites passadas em branco. Acreditas, enfim, a custo de sonhos por brotar. Há consolo nisso.

Silêncio também. O que é e não é dito, que não só tu guardas palavras cá dentro, e como muda num instante. Inconcebível a mágoa por pessoas que ficaram por viver. Dessa vida que vives toda ao mesmo tempo e de uma vez só nos teus pensamentos. Uma distância que não consegues reaver, que foi já e não é mais, agora, para sempre.

Silêncio é tudo o que fica.